A ideia de que a Matemática só tem utilidade prática naquelas profissões que lidam
com números – como a engenharia ou a contabilidade – encontra cada vez menor respaldo na realidade. O raciocínio lógico e os cálculos começam a ser exigidos em profissões que antes passavam bem sem eles. A bióloga mineira Maria da Conceição Carvalho, por exemplo, passa o dia fazendo contas. Funcionária do zoológico de Belo Horizonte, uma de suas funções é alimentar os animais. Para isso, ela precisa fazer cálculos exaustivos sobre a quantidade de calorias, proteínas e vitaminas necessárias ao prato do dia de cada bicho. O elefante Joça, uma das atrações do zoológico, precisa ingerir diariamente 25.000 calorias, 500.000 unidades de vitamina A e 22 quilos de proteínas.
“O cardápio depende da quantidade de capim seco que Joça comer”, diz Conceição. “Se
ele recusar 20 quilos de capim, tenho de dar para ele no dia seguinte 250 gramas de proteínas, o equivalente a 21 quilos de abóbora”. Recentemente, o casal de hipopótamos do mesmo zoológico, Toquinho e Popota, ganhou um filhote – e o biólogo Marco Aurélio Corabetti foi convocado a calcular o tamanho de uma nova casa da família dos hipopótamos. “Cada animal desses precisa de 400 metros quadrados de área para circular e de um tanque d’água de 200 metros quadrados”, diz ele. “Sou biólogo, mas, nessas horas, os conhecimentos em geometria são indispensáveis.”
O advogado paulista Antonio Aidat, especializado em questões de família, também teve
um encontro com a Matemática quando começou a defender casos envolvendo a identificação de paternidade. “Tive de aprender análise combinatória e a teoria das probabilidades para poder trabalhar”, diz ele. Segundo o método de identificação pelo DNA – o código genético peculiar a cada pessoa -, a confiabilidade dos resultados é de quase 100%. “No exame de DNA, se houver mais de dezesseis coincidências entre os exames dos supostos pai e filho, as chances de erro são nulas, segundo a Matemática”, calcula o advogado.
Formado em Letras, o tradutor carioca Márcio Aguinaga, 39 anos, já se acostumou a
trabalhar com uma calculadora à mão. Ele prepara legendas de filmes estrangeiros traduzidos
para o Português – mas, quando começou a trabalhar no ramo, esbarrou num problema sério.
Os espectadores não conseguiam ler, em tempo, suas legendas – e a tela ficava coalhada de
palavras que escondiam a imagem. Com um cronômetro e uma calculadora, ele aprendeu que uma imagem com menos de sete segundos nunca pode conter mais de 48 letras impressas.
“Desde então, minha vida é calcular a tradução num espaço mais restrito”, diz Aguinaga.
Veja. Abril, ano 22, n. 39
UTILIZANDO O TEXTO NA SALA DE AULA
ATIVIDADE:
1- Leia o texto e discuta com seus colegas de sala sobre:
2- No texto, o biólogo é convocado a calcular o tamanho das instalações para a família de
hipopótamos. De acordo com os dados do texto, quantos metros quadrados serão
necessários para o casal de hipopótamos e o filhote que acabou de nascer? Registre no
seu caderno.
3- Pesquise, com pessoas da sua família e com seus vizinhos, a profissão de cada um.
Pergunte a eles como utilizam a Matemática em seus trabalhos. Registre, em seu
caderno, os resultados da sua pesquisa.
Bom trabalho!
Postado por Eliana Augusto